A China classificou como “hipócritas” as tarifas de 100% impostas pelos Estados Unidos sobre produtos chineses e avisou que pode reagir às medidas do presidente Donald Trump. A resposta foi dada neste domingo (12) pelo Ministério do Comércio chinês. O novo aumento das tensões entre as duas maiores economias do mundo sacudiu o mercado global, derrubou ações de grandes empresas de tecnologia e ameaça colocar em risco a reunião prevista entre Trump e o presidente chinês, Xi Jinping, ainda neste mês. Os dois líderes planejavam se encontrar nos bastidores da Cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC), na Coreia do Sul. Mas, segundo Trump, “agora não há motivo algum” para que a conversa aconteça. Pequim, por enquanto, não confirmou oficialmente o encontro.
Pequim chama de “hipócritas” as medidas dos EUA e ameaça retaliação imediata
O tarifaço de 100% anunciado na sexta-feira (10) por Trump pode reacender uma guerra comercial marcada por retaliações mútuas — conflito que havia sido suspenso após longas rodadas de negociação entre Washington e Pequim.
EUA x China e a briga a altura dos dois países
O economista-chefe da consultoria MB Associados, Sérgio Vale, avalia que “A China é o único país que tem capacidade e condições de usar a mesma ferramenta contra os EUA – e já fez isso anteriormente”, diz o economista. Segundo Vale, até 1º de novembro, prazo dado por Trump para o início das novas tarifas, o mercado deve atravessar um período de forte volatilidade. As informações são do Estadão.
Na sexta-feira, diferentes indicadores sofreram impacto assim que a retaliação foi anunciada. O petróleo caiu mais de 4% e o Ibovespa futuro registrou queda de 1,15%. As cotações de moedas digitais, como o bitcoin e o ethereum, encolheram 8,23% e 14,56%, respectivamente. Já o dólar futuro para novembro acelerou, com alta de 2,67%.
Economista prevê semanas de forte volatilidade até o início das novas tarifasFoto: @FoxNews
Para Vale, o tarifaço de Trump terá efeito inócuo nas demandas pretendidas pelo presidente dos EUA, mas piorará as condições econômicas dentro do país. “Nada do que ele está propondo vai adiantar em termos de balança comercial, arrecadação ou industrialização dos EUA”, afirma.
Ele aprendeu a usar as tarifas como uma arma para fazer bullying contra outros países, mas está apenas afastando-os dos EUA, que está reduzindo seu comércio internacional, se tornando uma economia mais fechada e com maior inflação.”
Terras raras
Esta semana, a China anunciou restrições às suas exportações de terras raras. O país extrai 70% desses minerais do mundo e realiza o processamento químico de cerca de 90% do fornecimento global. Trump chamou as restrições impostas pela China de “sinistras e hostis” e disse que elas “tornariam a vida difícil para praticamente todos os países do mundo”.
“Na verdade, Trump e as empresas americanas precisam das terras raras chinesas”, afirma Vale. “A capacidade de negociação dos EUA, neste caso, não é grande.”
No caso da soja, outra reclamação de Trump, o problema é outro. “Seja por conta do combate à imigração, à alta dos fertilizantes e equipamentos por causa de tarifas, os EUA deixaram de ser competitivo”, afirma. “É natural que a China busque soja no Brasil e na Argentina.”
Terras raras